Desafios Globais: Impactos na Saúde diante das Mudanças Climáticas

Projeções sombrias indicam aumento alarmante de óbitos relacionados ao calor até 2050, com um significativo aumento de 85% entre 1990 e 2000. As transformações climáticas não só afetam a saúde física, mas também impactam a mental.

Por Rafaella Fontouradomingo, 3 de dez. de 2023
Relógio de rua em dia quente marcando 41 graus, ilustrando impactos do calor urbano e mudanças climáticas.
FOTO: Fernando Frazão/AGÊNCIA BRASIL

As mortes relacionadas ao calor devem aumentar quase cinco vezes até 2050. Entre 1990 e 2000, ocorreu um aumento de 85% nas fatalidades de pessoas com mais de 65 anos devido às elevadas temperaturas, conforme indicado pelo relatório elaborado por 114 especialistas de 52 instituições de pesquisa e agências da ONU.

Do total de 86 dias com temperaturas ameaçadoras registrados no ano anterior, 60% apresentaram uma probabilidade de mais do que dobrar devido às alterações climáticas.

A elevação da temperatura provoca a perda excessiva de líquidos e sais minerais através da pele, o que resulta em um aumento no risco de distúrbios hidroeletrolíticos no sangue e desidratação. As temperaturas elevadas induzem à vasodilatação, demandando um esforço adicional do coração para impulsionar o fluxo sanguíneo.

Pesquisas indicam um acréscimo na taxa de mortalidade hospitalar, diretamente associado às elevadas temperaturas ambientes, com falecimentos decorrentes de pneumonia, bronquite aguda, bronquiolite, condição obstrutiva ou insuficiência respiratória.

As mudanças climáticas também aceleram a propagação de doenças infecciosas.

Em 2023, o globo testemunhou as mais elevadas temperaturas globais em mais de um século, com registros de calor sendo quebrados em todos os continentes. Um trágico exemplo foi a perda de uma jovem durante um evento no Rio de Janeiro, onde a sensação térmica atingiu cerca de 60º graus.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as mudanças climáticas já resultam em aproximadamente 250.000 óbitos adicionais anualmente, associados a condições como malária, desnutrição, diarreia e estresse térmico. Paralelamente, os investimentos em saúde pública tendem a aumentar consideravelmente devido aos impactos do desequilíbrio ambiental na saúde da população.

As transformações climáticas desempenham um papel significativo no aumento da poluição do ar. Eventos como incêndios florestais, aumento das temperaturas e alterações nos padrões climáticos exacerbam condições respiratórias, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e infecções respiratórias.

Além disso, variações na temperatura e umidade afetam a dispersão de plantas alergênicas, prolongando os períodos de alergia e agravando os sintomas de asma, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.

É crucial destacar os impactos na saúde mental, incluindo estresse, ansiedade e depressão. Corpo e mente formam a integralidade do ser humano. Embora ainda haja poucos estudos científicos sobre traumas climáticos, relatos indicam que tempestades e inundações podem aumentar o risco de depressão em 50%.

Foto Em Escala De Cinza De Um Homem Cobrindo O Rosto Com As Mãos
FOTO: Daniel Reche/PEXELS

O aumento da temperatura ambiente também está associado ao aumento das taxas de agressão e suicídios violentos.

Os desafios relacionados à saúde e mudanças climáticas são vastos. Humanidade e natureza compartilham o mesmo planeta, e sua relação simbiótica exige ação imediata de governos, empresas e sociedade para reverter a trajetória de destruição.

Cuidar do planeta é essencial, mas para alcançar isso, é imperativo garantir a saúde física e emocional das pessoas. Um planeta sustentável e uma sociedade próspera dependem de indivíduos saudáveis em todos os aspectos.