Caso Braskem: Maceió sob Ameaça - Colapso na Mina 18 pela Exploração de Sal-Gema

A cidade de Maceió (AL) enfrenta um alerta sério devido ao iminente colapso na mina 18, operada pela Braskem. A Defesa Civil destaca a possibilidade de colapso iminente, evidenciada pelo afundamento do solo a uma taxa de 2,6 centímetros por hora até sexta-feira (1º).

Por Achilles Gusmãodomingo, 3 de dez. de 2023
Área afetada, sob risco de desabamento, no bairro do Mutange, à beira da lagoa.
FOTO: Ailton Cruz/JORNAL GAZETA

A prefeitura instalou um gabinete de crise na quarta-feira (29) após intensificação de tremores na região, resultando no reconhecimento de estado de emergência pelo governo federal na sexta-feira.

O prefeito João Henrique Caldas classifica a situação como a "maior tragédia urbana do mundo". Alertas foram enviados aos moradores do bairro Mutange para evacuação de áreas de risco.

A instabilidade do solo é atribuída à exploração inadequada de sal-gema pela Braskem em 35 minas na região até 2019. O prefeito responsabiliza a Braskem, afirmando que a exploração predatória ocorre desde a década de 1970, criticando a falta de fiscalização.

A possibilidade de colapso na mina 18 levanta preocupações quanto aos impactos na cidade. Além disso, abalos sísmicos registrados em novembro aumentam a incerteza. A Braskem aponta a probabilidade de colapso em 0.8 numa escala de 0 a 1.

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas alertaram para riscos há mais de 10 anos. Ações emergenciais incluem acolhimento de pessoas em áreas de risco, entrega de kits e monitoramento contínuo. O governo federal afirma acompanhar a situação e tomará medidas emergenciais.

A Justiça Federal aceitou um pedido de tutela de urgência contra a Braskem pelos danos em Maceió. A empresa, intimada, avaliará e tomará medidas necessárias. O valor da causa é de R$ 1 bilhão. A ação civil pública foi movida pelo Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado de Alagoas e Defensoria Pública da União.

Bairros como Mutange, Bebedouro, Pinheiro, Bom Parto e Farol foram evacuados, transformando-se em áreas "fantasmas". Quase 60 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas desde 2019.

Protesto de moradores em bairro atingido por extração da Braskem, em Maceió
FOTO: Reprodução/Twitter

Atualmente, moradores vivem sob alerta, e decisões judiciais forçam evacuações, aumentando a preocupação na região.

Moradores afetados expressam tristeza e desânimo diante da transformação de seus bairros. Comércios e serviços foram impactados, levando a uma redução significativa na qualidade de vida.

Indenizações pagas pela Braskem tentam compensar, mas a realidade da perda de laços e raízes com a comunidade local persiste.

As autoridades agiram desde 2018, quando os primeiros tremores foram detectados. O Ministério Público Federal ajuizou ações buscando paralisar a exploração de sal-gema.

Acordos foram celebrados visando à realocação e indenização dos moradores. Em 2020, um amplo acordo foi assinado com a Braskem, envolvendo medidas de monitoramento e estabilização do solo.

Maceió enfrenta uma crise urbana significativa devido ao risco iminente de colapso na mina 18. A responsabilidade recai sobre a exploração predatória de sal-gema pela Braskem, com impactos profundos nos moradores e na estrutura urbana. As medidas emergenciais e ações jurídicas são passos cruciais para lidar com a situação e amenizar os danos causados.

A recuperação da confiança da comunidade e a reconstrução das áreas afetadas serão desafios de longo prazo para as autoridades locais e a empresa responsável.